A empresa de commodities agrícolas Bunge registrou prejuízo no primeiro trimestre e reduziu projeções para 2020 ao divulgar resultados nesta última quarta-feira (6), à medida que a pandemia do coronavírus impactou a demanda por combustíveis e virou de cabeça para baixo as cadeias globais de suprimento de alimentos.
A multinacional com sede nos EUA informou que o prejuízo ajustado nos primeiros três meses do ano foi de 181 milhões de dólares, ante lucro de 59 milhões de dólares no mesmo período do ano anterior.
A demanda pelos negócios de óleos comestíveis da Bunge foi atingida até o final do trimestre, uma vez que a crise fechou restaurantes e suspendeu viagens, enquanto a derrocada dos preços do etanol no Brasil e o câmbio prejudicaram as perspectivas para a unidade de açúcar e bioenergia do grupo.
Os resultados trimestrais ainda não refletem a mais recente queda dos preços do petróleo e seus impactos sobre a precificação de biocombustíveis. “Nós não vimos interrupções significativas nos nossos negócios devido à Covid-19 no primeiro trimestre, mas nós começamos a ver o impacto de mudanças no comportamento do consumidor em parte de nossos negócios de óleos comestíveis em março”, disse o presidente-executivo da Bunge, Greg Heckman, em nota.
“Estamos operando em um momento de volatilidade sem precedentes, complexidade e incerteza”, frisou ele. “Esperamos ver um maior impacto da Covid-19 em nossos negócios no segundo trimestre, principalmente em nossos negócios de óleos comestíveis.”
Os resultados da Bunge mostram como a pandemia tem impactado cadeias globais de suprimentos, desde o fechamento de plantas de processamento de carnes a biocombustíveis.
A Bunge projetou um ano particularmente desafiador para sua unidade de óleos comestíveis, uma vez que a pandemia reduz a demanda por esses óleos em restaurantes e serviços de alimentação. A demanda de varejo, de pessoas que cozinham em casa, irá compensar apenas em parte esse impacto, segundo a empresa.
O consumo de combustível em queda, incluindo o biodiesel à base de óleo de soja e o etanol à base de milho e cana, cria mais dificuldades para a Bunge, uma vez que os isolamentos pela pandemia continuam a limitar as viagens.
“O que está pesando nas ações é que você tem desafios associados aos óleos comestíveis e aos negócios de açúcar e bioenergia que não existiam há dois meses”, disse Ben Bienvenu, analista da Stephens Inc. “Isso vai pesar nos ganhos da empresa este ano, apesar da situação realmente sólida no segmento principal de agronegócio.”
Fonte: Money Time